46 minutos do segundo tempo

Ronaldo recebe a bola, pode marcar e selar a vitória seguida da classificação do timão. Fenômeno segue com a bola, a marcação chega, dois de uma vez, ele vai levando, e sofre a falta na entrada da área. A torcida no estádio do Pacaembu não sabe se vibra ou fica em silêncio, é uma angustia que não acaba nunca. Os jogadores do Flamengo brigam com o autor da falta.

Nessa hora o vendedor de água, cachorro quente, sorvete, imprensa todos que lá estão, ficam atônitos. Os jornalistas encontram-se prontos para mudar o texto, porque sabe que é uma grande chance de gol para o time que está a dois anos se preparando para ganhar o torneio em seu centenário.

Chicão o melhor batedor de falta no Corinthians corre em direção a bola e não deixa ninguém chegar perto. Nessa hora o torcedor puxa na lembrança, o pé de anjo Marcelinho Carioca e o craque Neto, dois dos maiores cobradores de faltas do Corinthians, mas todos sabem do potencial do zagueiro artilheiro.

Bruno goleiro do Flamengo arruma a barreira, pois entende que esse lance pode definir a partida. O camisa de 3 do Corinthians se prepara para bater, Roberto Carlos também está na bola, mas quem bate é Chicão, ele corre, chuta...

Tudo para, ninguém no estádio respira, as duas maiores torcidas do Brasil, não tem mais feição, uns olham atentamente, outros colocam a camisa no rosto, poucos ficam de costas para o lance, abaixa, reza, unha já não existe mais, alguns até já choram não se sabe ao certo se é de emoção ou aflição, alegria ou tristeza, anseio ou dor. Quando...

A bola viaja, o cronômetro marca 46 minutos do segundo tempo, os jogadores olham a bola como a coisa mais importante na vida deles. Ela vai entrando, a torcida já está pulando, os narradores estão prontos para soltar o grito de gol, eis que surge a mão milagrosa do goleiro rubro-negro, ninguém acredita.

O coração de 35 mil torcedores do Corinthians parou naquele momento, ainda teve um escanteio, mas todos já sabiam que ali acabou o jogo. Ao final da partida a torcida aplaudiu e não parou de gritar cantos de incentivos...